domingo, 27 de julho de 2014

PARABÉNS HOSPITAL D. ESTEFÂNIA - 17 de JULHO - 137 ANOS AO SERVIÇO DAS CRIANÇAS PORTUGUESAS...... A "motivação" que esta subjacente ao nascimento de uma "Obra" , o seu valor social e longevidade , se articulam numa função de tipo "causa e efeito"..... Nesta perspectiva, analisar as "motivações " dos gestores que defendem o projecto actual , que prevê um modelo monobloco e generalista para o futuro HTS , nos permitirá a melhor balizar as expectativas sobre aquele projecto em contraponto aquelas que tem sido oficialmente propagandeadas.............








Por outras palavras:


Caso averiguemos  sobre  os motivos que estão na origem de  "Obra ou Instituição de Serviço Publico"  ,  permite-nos  a  avaliar  a  consistência dos seus objectivos e  desta forma melhor  compreender as causas do seu sucesso  e longevidade ou pelo contrario do seu declínio ou revés



Utilizaremos este método ao Hospital Pediátrico de Lisboa  que no Dia 17 de Julho passado  comemorou 137 Anos .  Analisaremos em seguida as motivações que estiveram na origem da criação do Hospital D. Estefânia ,  contrapondo-as  a seguir,  as motivações  que estão  na origem da sua   diluição  no Centro Hospitalar de  Lisboa Central  e  a sua futura  destruição quando da transferência para o futuro  HTS.





1- As motivações que estiveram na origem da construção do Hospital D. Estefânia



A futura Rainha D. Estefânia , dotada de uma personalidade   inteligente e sensível  e com preocupações sociais   ,  beneficiou de uma  educação  que aprimorou as suas qualidades naturais. Foi  influenciada pelo ambiente de   progresso civilizacional  que se vivia então na  Europa  Moderna.   A partir da Revolução Francesa deram-se passos decisivos na compreensão da  especificidade Psico biológica da criança  e dos os  seus direitos.   Estes avanços se  reflectiram em muitos campos e entre eles  , na  criação do Hospitais Pediatricos , que  passados mais de cem anos,  , são ainda  centros de referência  e os principais responsáveis pela criação conhecimento nas múltiplas áreas em que se ramificou a pediatria.   

D. Estefânia , já como Rainha de Portugal veio a beneficiar –nos  com esta sua  visão progressista e culta.  Ao invés de actividades fúteis, dedicava os  seus tempos livres  a visitava dos doentes  hospitalizados.  Ao se deslocar as  enfermarias do H.S.José chocava-se e criticava a falta de condições  e promiscuidade a que estavam votadas as  crianças internadas.

A rejeição daquele ambiente  ainda medieval constituiu  a  motivação  causal  que  a tomar a levou a tomar   iniciativa de   construir um  Hospital Pediátrico para Lisboa.

Para  concretizar esta ideia, não se ficou só  por palavras e decretos de boas intenções ,   despojou-se do seu dote de casamento e  dou-o   para  aquele fim . Só  depois da sua morte ,  D. Pedro V  e D. Luís  conseguiram concluir aquele  sonho

A sua inspiração e obra foram um  sucesso   e que  perdura já há quase um século e meio. O apreço por aquela instituição  dispensa palavras Ainda recentemente cerca de  80.000 portugueses reuniram-se   num abaixo assinado, enviado ao Presidente da Republica  protestando contra a   desactivação e destruição em curso , mas  sem nenhuma consequência. Infelizmente  a inter relação entre as elites politicas e o poder financeiro corrompeu todas as instituições democraticas.



Concluindo ,  sintetizamos    as duas motivações que estão na origem da  concretização e sucesso desta  obra:



-      O amor e dedicação de D. Estefânia a  infância,  caracteristicamente  frágil e desprotegida



-      O  despojo dos seus  próprios   bens materiais  de forma que aquele objectivo se concretizasse.



A titulo de curiosidade  citamos   que as crónicas da época  que opositores ao projecto  argumentavam  que a construção de um Hospital dedicado as crianças  era um luxo injustificado nas condições de pobreza do Pais.  











2- Analisemos agora as  motivações que estão subjacentes  a  sua actual  desarticulação agora e na  origem do actual projecto do HTS.


Os  argumentos  e motivações teóricas daqueles  que se empenham e conduzem a  destruição  do hospital pediátrico de Lisboa sintetizam-se  nas três  preposições que se seguem  :

·          O Pais  é  pobre e que  assim apesar de  desejável  a existência de um Hospital Pediátrico, este   esta   acima das nossas posses.
·         Um Hospital Generalista indiferenciado  é mais económico e funcional pois permite aproveitar espaços, equipamentos e pessoal qualificado.
·         Que os Hospitais Pediatricos  já estão  ultrapassados.



A primeira constatação é que qualquer destes argumentos reporta-se unicamente  a economia de custos. Não entram considerações sobre os direitos e caracteristicas da infância,  uma estratégia de futuro para a  comunidade , ou mesmo na linha do seu pensamento gestionário,  a economia de meios e eficácia do tratamento quando se concentra massa critica de  doenças mais complexas num único centro de referenciação
 Não poderia ser doutra forma pois arautos da actual reforma hospitalar são gestores e  tem  como principal  oficio os números . O mais  grave de  tudo é que muitos deles exercem os seus cargos em conflito de interesses pois estão ligados ideológica ou profissionalmente ao grupos financeiros ligados a saúde.
Dispensaremos de analisar os  dois últimos argumentos ,  pois já os criticamos  anteriormente.  Não podemos  deixar   de salientar de que a sua  afirmação de  que os Hospitais Pediatricos estão ultrapassados . Esta preposição  esta desvinculada  da verdade e da realidade  e desabona a   honestidade intelectual  dos que a veiculam.
..... Não fosse assim, em todo o mundo  não estariam  a  construir novos  ou  a reformar os Hospitais Pediatricos antigos...Ex:  http://www.rch.org.au/rch/about/Pediatric Hospital Melbourne
Bem analisemos  "as motivações" dos seus defensores
Dando o beneficio da duvida , admitimos como  sincera a sua  preocupação e  argumentação  tivessem  por objectivo impedir  o  desbarato dos  dinheiros públicos devido e assim  poupa-lo para fins que a sociedade  entendesse mais importante ,  no caso a assistência hospitalar especializada as crianças portuguesas.
Na expectativa  da sua honestidade intelectual ,  pressuporiamos   que por coerência,  os seus defensores  tivessem na sua   Folha de Serviços a Nação o registro de  um passado exemplar no  rigor no controlo dos dinheiros públicos e que na sua vida pessoal agissem em conformidade.
Averiguemos  assim  o passado de  apenas  dos   dois  protagonistas  iniciais  do projecto do Futuro HTS . Ao faze-lo  não pretendemos  personalizar o processo, pois  eles representam apenas o  rosto dos projectos financeiros  e serão individualmente   "boas pessoas".
Referimos o Eng. Manuel Pinho  e o Eng. Gestor Pedro Dias Alves.
Os seus nomes estão ligados pois foi , Manuel Pinho  quando  Ministro das Finanças de Sócrates  que escolheu e nomeou  o Engenheiro Pedro Dias Alves  para orientar o concurso da PPP do Futuro Hospital de Todos os Santos.
Pedro Dias Alves,  antes havia ocupado cargos de  Secretario de Estado do então  Ministro  Cavaco Silva e depois foi   gestor pelo grupo Mello Saúde no hospital  Amadora Sintra . Como vemos  "a cor politica" serve apenas para confundir-nos. 
Recordemos que aquela gestão foi controversa  e afirma-se um montante de prejuízo aos contribuentes de 45 milhões de euros devido a sobre facturação de exames.  Este montante  permitiria construir um novo Hospital Pediatrico em Lisboa.
Notamos ainda que todo o Plano Funcional  proposto para o futuro HTS proposto por aqueleSr.  Engenheiro Gestor reflecte uma perspectiva de hospital privado voltado para o lucro máximo.
No conflito de contas do H. Amadora Sintra,  foi elucidativa a tomada de posição de  Correia de Campos, então Ministro  Saúde  em beneficio do grupo Mello pondo em causa os funcionários do M.Saúde que denunciaram as supostas irregularidades , o que mostra  o "acôrdo de regime" que vigora para alem da propaganda eleitoral em dizem defender o SNS.  Este processo  foi abafado num tribunal arbitral criado a medida.

Manuel Pinho, depois de se demitir do Governo de Sócrates para alem de receber um salário da EDP para dar aulas numa Universidade Americana., acumulou funções de  gestor do grupo BES Angola ,  e  apesar do prejuízo de 4,9 bilhões daquela instituição , exige agora   pelos seus “Serviços “ uma “reforma” de  3,5 milhões de Euros .!!!!!!
A titulo de conclusão , apercebemos de que a preocupação destes dois gestores  e outros  que os nomearam , com os  gastos excessivos que acarretaria  a construção  de um Hospital Pediatrico  em  Lisboa  é sincera.
Julgamos, na sequência do acima exposto, de  que  a sua preocupação com  os recursos "desperdiçados"  com as nossas crianças poderiam  vir a se  repercutir negativamente   nos lucros  que  previamente   contabilizados ,  nos  salários milionários e  luvas  que reservam  para si ou para os s ex  ministros  e  gestores envolvidos nas negociatas das PPP para a  construção dos novos Hospitais. Caso em erro  desde já nos desculpamos.
Acresce a esta motivação, uma outra , a  de apropriação dos espaços dos antigos Hospitais  pela Estamo e que depois serão alienados a construção de condominios de luxo. ( ver artigo anterior no Blog : http://campanhapelohde.blogspot.pt/2013/11/a-reforma-da-rede-hospitalar-de-lisboa.html) . 
E já agora seria interessante ouvir  a opinião que teriam  destes senhores , caso  tivessem consciência desta realidade pantanosa ,   algumas das nossas futuras mães, aquelas que estão  obrigadas  devido a crise  a recorrer a internamentos  nos Hospitais para alimentarem a sua gestação ou das mães ou mesmo das mães e  crianças de Angola que vivem em condições infra humanas   ( 5 biliões de Euros de prejuízo do BES em Angola onde Manuel  Pinho foi Gestor )
 Tudo indica  de  que a conflitualidade existente no concurso da PPP do futuro Hospital  de Todos os Santos reflicta apenas a disputa  entre  o Grupo Mello Saúde e o BES. 
Os lucros contratos das PPP , recheados de clausulas secretas ,  será  em  ultima instância a motivação principal  que esta  origem do actual projecto  de organização da rede hospitalar  e que  tem como  um dos efeitos colaterais   a destruição do Hospital Pediatrico de Lisboa .

Neste momento outro Gestor ligado que esteve  ligado a  finança,  Luis Filipe Pereira, reavaliou o concurso pois o anterior foi considerado ilegal. 
O nosso dinheiro é desperdiçado em concursos viciados e  todos estão  impunes. 


Toda a "não verdade "  para poder vingar tem que ter uma parte de "verdade" . 
A "verdade" com que estes   gestores encobrem  as suas motivações  reais é a   necessidade  real de reorganização da rede Hospitalar e Materno Infantil. 
 Esta reforma para ser idonea   deveria   ser conduzida    por profissionais com  reconhecida competência  dedicados a criança não sendo permitida nos grupos de trabalho, participantes com  conflitos de interesses,  nomeadamente com  qualquer  ligação ao  grupos financeiros ligados a saúde como deliberadamente  aconteceu neste concurso. 
Só um concurso com "outras" motivações mereceria a confiança da população e profissionais.

Finalizando, resta-nos indagar : como inverter este processo  impedir  que instituições históricas  sejam  destruídas pela voracidade dos  interesses especulativos ? Não temos a resposta cabal, mas existe uma certeza:
O nosso animo e coragem são determinantes.
  


Assina:  Jornalista Nanu .  Responsabilza-se Pedro Paulo Mendes